Ciro Fabres
Surpreendi-me sob o som de um alarme distante, mas insistente, ao começar este texto. Alguma ação o desarmou, e ele cortava a manhã, entremeado com outros sons urbanos, mais próximos e mais distantes. Uma buzina, um ronco de motor, algumas sirenes. É a melodia da cidade, com frequência muito pouco harmônica, que nos acompanha e nos envolve, sem que, em geral, nos demos conta ou atentemos para os detalhes que se perdem no emaranhado dos pequenos incidentes. E vida que segue. Em um andar superior, alguém providenciava um conserto doméstico, produzindo um som de batidas repetidas e compassadas na estrutura do prédio, enquanto, a poucos metros dali, uma das cachorras, por razões caninas que só a ela cabia cogitar, fuçava no travesseiro em que estava acomodada.
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