Adriana Antunes
As árvores guardam o silêncio solar das manhãs. Recordo-me do riso solto de minha nona tirando laranjas do pé que havia atrás de casa. Falávamos não lembro bem do que, mas lembro do seu riso e das mãos que enlaçavam a fruta antes de arrancá-la e jogá-la ao desterro da cesta de vime. Lembro da paz que havia no quintal, a luz do sol sendo filtrada pelo limoeiro, o perfume das cerejeiras e da segurança calada dos abraços que se perderam em alguma brecha do tempo. Talvez venha daí uma velha vontade de ser árvore em alguma vida. Ser uma mulher habitada por também raízes, frutos e seiva.
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