Natalia Borges Polesso
Um homem ejacula no pescoço de uma mulher no transporte público no dia 29 de agosto. A mulher grita. O homem é preso em flagrante. O homem está detido. O homem tem dezessete acusações de crimes sexuais. O juiz entende que o caso não era estupro, mas importunação ofensiva. O homem é solto. É solto porque segundo o juiz não teria usado de violência ou ameaça grave para constranger a vítima. Um homem se masturba e ejacula em você. Um homem constrange uma mulher todos os dias. Este mesmo homem no sábado, dia 2, foi preso novamente por atacar outra mulher em um ônibus. Um pouco antes, uma mulher foi estuprada por um motorista. No mesmo horário, um casamento no Iêmen se consumava e a noiva de oito anos morre estuprada por seu marido, ao mesmo tempo, uma mulher é assediada no trabalho, no mesmo minuto, uma mulher é silenciada por um amigo, e, neste instante, um homem dá um tiro na cabeça da sua ex-namorada, porque não aguentava vê-la viva e feliz. "Se não for minha, não será de mais ninguém." A última forma de controle: matar.