

Sem a inteligência para elaborar as ações e interpretar os acontecimentos, a vida fica sem sentido. Sendo assim, parece óbvio que o primeiro e mais rápido planeta do sistema solar seja associado à mente e suas conexões com o ambiente. Estamos falando de Mercúrio, regente de Gêmeos. Em quase todas as mitologias – espelhos das culturas que as produzem como narrativas de ordem – existe uma divindade mediadora e mensageira. Hermes para os gregos, Mercúrio para os romanos, Thot para os egípcios, Exu para os africanos, e até os santos do catolicismo são ilustrações desse princípio vital. Um impulso de ligação que os geminianos encarnam como ninguém.
Nos velhos mitos, o Hermes grego já nasce explorando as redondezas e querendo saber de tudo. Com sua inata esperteza, ele rouba parte do gado de Apolo e logo é chamado à presença do pai divino, Zeus, para explicar o ocorrido. E não é que o pequeno trapaceiro nega tudo com uma incrível cara de pau? De tão impressionado com a astúcia e a brilhante persuasão do novo filho, Zeus o convida para ser seu mensageiro oficial e RP do Olimpo. Feliz da vida, o malandrinho Hermes ainda consegue ficar com o gado roubado do irmão Apolo, ao presenteá-lo com uma invenção sua, a lira. E faz-se a música! Entre os romanos, Hermes vira Mercúrio, senhor da comunicação e dos caminhos, patrono dos comerciantes e, não sem motivo, dos ladrões.
Comunicar e vender são expressões de um mesmo princípio de trocas e partilhas. Mercúrio inventa as negociações. O radical "merc" de seu nome está em mercado, mercadoria, comércio, merchandising e marketing. Coisas de Mercúrio, que também nomeia o metal líquido que mede a temperatura dos ambientes. Ele era representado como um deus jovem, com asas nas sandálias e no capacete e levando um mágico bastão, chamado caduceu, que hoje é símbolo da contabilidade. Mercúrio é o pai das palavras, sejam de informação ou persuasão. Quando sem ética, fica perigoso. Mas o certo é que sem a inteligência mercuriana sequer seríamos gente.