Nivaldo Pereira
Nascido a 25 de dezembro, Jesus Cristo seria capricorniano, certo? Seria, se tivesse nascido realmente nesse dia. Mas ninguém sabe a data certa. A opção pelo 25 de dezembro se deu por volta do ano 354, ou seja, no século IV depois de Cristo. Foi um dos tantos sincretismos adotados pela Igreja para refrear antigas celebrações de origem pagã. Nessa data, na tradição do Império Romano, festejava-se o deus Mitra, associado ao Sol.
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A festa de Mitra simbolizava a vitória da luz solar após a noite mais longa do ano, com o solstício de inverno no hemisfério norte. A partir dali, a quantidade de horas diurnas, e de luz, aos poucos iria aumentar, rumo à primavera. Nada mais oportuno, portanto, que Cristo, a luz do mundo na nova religião, tomar o lugar de Mitra no simbolismo do nascente Sol invencível. Na narrativa do nascimento de Jesus, a astrologia tem destaque. Conforme os evangelhos, magos astrólogos vieram do Oriente para adorar a criança, seguindo o significado e o deslocamento de uma certa estrela. Até hoje, astrônomos e estudiosos das religiões tentam identificar esse sinal celeste: se um cometa, uma conjunção de Júpiter e Saturno ou outras possibilidades. Mas não há consenso algum. O que vale mesmo é a atitude de encher de luzes e estrelas a paisagem natalina de casas e cidades.
Ainda na narrativa, os evangelhos não falam quantos magos vieram (os presentes trazidos é que eram de três tipos!) e nem que eles seriam "reis". A tradição de "três reis magos" surgiu séculos depois e não tem fundamento bíblico. Mas o que impede de três reis magos chamados de Melchior, Baltasar e Gaspar frequentarem os presépios mais singelos do mundo?
No universo mágico das crenças, é difícil saber o que é fato e o que é mito, o que é original e o que é fusão cultural. Mas há as verdades da alma humana universal: precisamos de luz, de esperança, de encantamento. Precisamos renascer, sempre. Então, como é Natal, que nossa celebração comece por deixar brilhar a estrela do que faz o coração bater vivo e feliz.
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