Nivaldo Pereira
Desculpe já começar com uma ferroada escorpiônica: você vai morrer um dia. Se serve de consolo, eu também vou, vamos todos partir desta para uma melhor. A propósito, não parece ser obra do acaso o calendário situar o Halloween e o Dia de Finados na vigência do signo de Escorpião. Ambas as datas remontam a tradições seculares e estão ligadas a ritos em torno da morte e da ressurreição. Porque tudo se transforma, nada fica igual – da lagarta ao homem. Eis a regra de ouro da ordem cósmica. E eis a missão de Escorpião: transmutar energias.
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Como signo do elemento água, no meio de uma estação, a natureza do Escorpião é emocional e concentrada, passional e ligada aos instintos. Sensores arcaicos funcionam magicamente, sem explicações racionais. Surgem um "faro" animal e uma espécie de visão de raio-x para identificar o oculto que pode ameaçar, pois é vital sobreviver. O modo de uso desse "poder" bruto e nem sempre consciente pode ser a glória ou a perdição dos tocados por essa energia. Por isso é um signo tão forte quanto temido. O perigo é seguir cegamente o instinto, egoisticamente, sem ter aprendido na fase Libra o respeito pelo outro e um tanto de ética. Não faltarão justificativas para possíveis crueldade e manipulação. Exemplos: se emoção é vínculo, como não ser possessivo, diante de um fim inevitável?; como não querer controlar tudo, se tudo um dia vai desaparecer?; como não desconfiar e ter segredos, se viver é perigoso demais?; como resistir em ferir com frieza a quem nos feriu ou traiu?
A grandeza do signo está no uso dos seus recursos psíquicos em prol dos demais e do próprio crescimento. Quando vence as sombras internas e depura as toxinas emocionais em crises e mortes simbólicas, Escorpião é pura luz generosa. Aí ele é o curador, o terapeuta, a proteção mais segura nas adversidades, a amizade inabalável, o amor mais profundo. Já não usa sua potente energia como controle, pois aprendeu que nascer e morrer são apenas ciclos da contínua evolução do ser.
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