Nivaldo Pereira
Corra e olhe o céu: tão logo o Sol desce, no poente, ela começa a luzir, escandalosamente, feito uma vedete anunciando a noite primaveril. Nas planuras do Pampa, os gaúchos a conhecem como Estrela Boieira, porque anuncia a recolhida do gado ao curral. É o mais brilhante corpo celeste, depois do Sol e da Lua. Desde os tempos antigos, vem fascinando os terráqueos, recebendo alcunhas como Estrela Vespertina, Estrela Matutina e Estrela Dalva. Mas não se trata de uma estrela: é o planeta Vênus, astro regente do signo de Libra e personificação celeste da deusa romana do amor.
Até o começo do próximo ano, Vênus caminha à frente do Sol na roda cósmica dos signos. Por isso, aparece logo acima do poente, validando o título de Estrela Vésper. Depois, o planeta se adianta ao Sol e, por meses, some das tardes para ser visto somente antes do nascente, na alvorada, como Estrela d'Alva ou Matutina. E, de novo, como a Boieira dos gaúchos, indicando a hora de conduzir o gado às pastagens. Ai, Vênus, tanta poesia assim me arrebata! E vão os artistas e enamorados louvando essa luminosa sedução. Como Noel Rosa e Braguinha na famosa canção: "A Estrela D’alva no céu desponta / E a Lua anda tonta com tamanho esplendor..."
Com tanta beleza e tanta magia, não é de estranhar que os homens a tenham como astro do charme e do amor. Regente de Libra. E por falar em Libra, na crônica passada, com a mente “avoada” pelo efeito de Mercúrio retrógrado – ufa!, passou –, atribuí a Vinicius de Moraes o verso “é impossível ser feliz sozinho”, que, na verdade, é de Tom Jobim, na canção Wave. Viram como Mercúrio retrógrado opera?
Na crônica anterior eu alertava para uma revisão atenta nos escritos e fui o primeiro a cair no erro. Misturei esse verso ao Samba em Prelúdio, cuja letra, sim, é de Vinicius, e que considero um hino de Libra. Cantemos: "Eu sem você, não tenho porque / Porque sem você, não sei nem chorar / Sou chama sem luz, jardim sem luar / Luar sem amor, amor sem se dar / (...) Sem você, meu amor / Eu não sou ninguém."
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