Maristela Scheuer Deves
Em números totais, a 32ª Feira do Livro de Caxias do Sul, que se encerrou neste domingo, foi menor que a anterior. Foram comercializadas 41.221 obras, contra 67.555 do ano passado (40% a menos). O público estimado, segundo a organização, foi de 247 mil pessoas, queda de 9% em relação às 270 mil de 2015.
Para a coordenadora da Feira, Daniela Zanadréa, a avaliação desta primeira edição longe da Praça Dante Alighieri é “superpositiva”:
– Tanto público quanto escritores e livreiros elogiaram e aprovaram. Se fizermos uma média pelo número de bancas (30 este ano contra 47 em 2015), o total vendido por livreiro é maior este ano – pondera, lembrando que a maioria dos eventos do gênero têm tido quebra de 30% a 50% nas vendas, por causa da crise.
Daniela destaca ainda que um diferencial deste ano foi que o público ficou na Feira, usufruindo do ambiente e da programação:
– Muitos voltaram várias vezes, vieram muitas crianças, muitas famílias, alguns até fizeram roda de chimarrão.
Segundo Daniela, os livreiros serão chamados ainda este ano para avaliar o evento – tanto os que participaram, quanto os que não participaram.
Já a Associação dos Livreiros de Caxias do Sul (Alca), que discordou da saída da Feira do Livro da Praça Dante Alighieri – fazendo com que tradicionais livrarias da cidade se negassem a participar da programação –, manteve pesquisadores na Praça das Feiras para ouvir o público, e deve divulgar, nos próximos dias, uma espécie de balanço paralelo da Feira.
A pesquisa foi feita em dias intercalados, e teve quatro perguntas básicas: como ficou sabendo da feira; como foi à Feira; o que o motivou a ir; e se comprou ou não livros. Segundo o presidente da Alca, Cristiano Bartz Gomes, os dados ainda precisam ser tabulados, o que começará a ser feito nesta terça-feira, em reunião da entidade, na qual também se avaliará a possibilidade de estender a Feira dos Livreiros, programação paralela desenvolvida nas 12 livrarias que não aderiram à programação oficial.
– Vamos também cotejar os dados colhidos com os números divulgados pela organização, para, no início do ano que vem, conversar com a nova gestão municipal sobre as próximas feiras – acrescenta.
Por enquanto, os livreiros que seguiram a orientação da Alca mantêm a posição de defender a volta da Feira ao Centro:
_ O novo lugar é legal, é bonito, é prazeroso e tal. Mas o livro tem de estar onde o povo está _ defende Arcângelo Zorzi, o Maneco.
Ele diz ainda que, num dos sábados da programação, viu um enorme público na Praça das Feiras – mas poucos estariam com sacolas de livros.
Guilherme Martinato, da Do Arco da Velha Livraria e Café, faz coro à defesa do retorno à Praça Dante, e garante que, durante a programação paralela feita nas próprias livrarias com descontos de até 80%, o movimento foi grande, com muita gente procurando ali obras que não teria encontrado nas bancas da Feira oficial. Sobre o fato de os livreiros que participaram da Feira se dizerem satisfeitos com as vendas, ele lembra que, como o número de bancas foi menor em relação à edição anterior (30, ante 47 no ano passado), o rateio pode ter sido maior, mas o fato é que menos livros foram vendidos.
O balanço da Feira dos Livreiros também deve ser feito nesta terça.
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