Siliane Vieira
Ninguém entende o que eles falam e, mesmo assim, as criaturinhas amarelas ajudantes do vilão Gru conquistaram multidões nos dois filmes da série Meu Malvado Favorito, lançados em 2010 e 2013. O sucesso foi tanto que o filme solo dos divertidos bichinhos virou simplesmente a animação mais esperada deste ano.
Em Minions - que chega aos cinemas de Caxias e Bento nesta quinta -, os diretores Pierre Coffin e Kyle Balda (os mesmos de Meu Malvado...) não ousam na fórmula, mas continuam certeiros ao misturar bom humor e "fofurice" - só não pague mais caro para ver em 3D, vai fazer pouquíssima diferença.
O início do filme ganha um narrador para explicar um pouco quem são e de onde vêm os simpáticos minions. Não que isso faça muita diferença, afinal, a gente quer mesmo é ouvir eles dizendo "ba-na-na" - o que ocorre ainda nos minutos iniciais e será repetido muitas vezes durante os 90 minutos de sessão. O narrador conta sobre a incansável busca dos minions por um vilão, ou melhor, um chefe.
A abertura do filme mostra alguns dos antigos escolhidos pelos minions, que já puderam ser vistos antes num dos trailers do longa. De dinossauro a Conde Drácula, os amarelinhos sempre acabavam dando uma forcinha para que seus chefes partissem desta para uma melhor, de jeitos tão desastrosos quanto divertidos.
Sem um vilão para seguir, os minions acabam deprimidos vivendo numa caverna gelada. Até que um deles, Kevin, se torna líder e resolve partir em busca de um novo amo, arrastando consigo o "músico" tranquilão Stuart e o abobalhadinho mais amável da temporada, Bob (ele é como se fosse um minion criança, deu para entender o grau de fofura, né?).
O trio vai parar nos EUA dos anos 1960, cheio de hippies, manifestações, etc. Depois de um passeio por uma convenção de vilões na Flórida, os minions chegam na Inglaterra - país de origem de Gru, seria coincidência?
Ambientar a principal história do filme em solo inglês é provavelmente o maior acerto dos roteiristas, mas talvez só os adultos achem isso. É que é simplesmente demais ver a rainha ser chamada de "Bete" enquanto bebe todas num bar, assim como é muito legal ver os ingleses tomando seu inabalável chá enquanto o mundo está praticamente terminando lá fora, e principalmente, é saboroso acompanhar as peripécias dos minions ao som do melhor que o rock inglês já nos ofereceu (Stones, Kinks, Beatles, Who).
A missão do trio de minions é bem "simples": roubar a coroa da rainha e entregá-la a sua mais nova chefe: Scarlet Overkill. É claro que vai ter muita confusão, tanto no Palácio de Buckingham como nas ruas cheia de carros de época e pessoas distintas.
Dá para sentir um pouco de falta dos outros minions, que ficam meio esquecidos enquanto apenas Kevin, Stuart e Bob protagonizam a história. Mas o carisma do trio compensa.
A história traz referências interessantes à década em que é ambientada. Na mansão da vilã Scarlet, por exemplo, há alguns objetos valiosos roubados por ela, como um quadro de Andy Warhol e uma guitarra de Jimi Hendrix (o "violeiro" Stuart pira com ela). As referências a outros tempos também garantem uma versão dublada muito mais divertida que a original.
Por meio da voz de Adriana Esteves (trabalho bem competente, vale dizer), Scarlet fala várias expressões da nossa língua que caíram em desuso com o tempo, como "joia", ou "prafrentex". Ah, durante o filme dá para ouvir ainda um sensacional "comigo não, violão".
Minions foge um pouco da maioria dos filmes infantis por não mostrar uma grande "lição da história". O principal legado do longa é mesmo despertar a paixão dos humanos por criaturinhas amarelas e atrapalhadas. Além disso, assim como a série da qual se origina, Minions reforça uma nova configuração dos vilões: tudo bem ser mau, mas tem que ser muito divertido, engraçado e, de preferência, fofo.
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