Carlinhos Santos
Mais do que espaço para exibição de perfis e selfies, as redes sociais também se tornaram ambiente de militância. Em Caxias do Sul, existem pelo menos quatro movimentos que têm suas atuações fortemente difundidas através do Facebook, por exemplo, dentre outros recursos virtuais.
O Conselho das Árvores, o Limpa Caxias, o Massa Crítica e o Manifestasol são estes coletivos que compartilham suas ideias, obtendo curtidas e promovendo transformações sociais.
- A iniciativa de denunciar e protestar contra estas práticas de podas indiscriminadas nas árvores de Caxias viralizou e foi tomando forma através de uma página no Facebook, que acabou direcionando as denúncias e potencializando a discussão sobre melhores práticas para cuidar e valorizar as árvores urbanas - conta a jornalista Vera Damian, uma das fundadoras do Conselho das Árvores em 2012.
A articulação do Conselho é coletiva, contando com livre a adesão da comunidade.
- Nosso grupo é informal. Optamos por não constituir uma ONG. Nossa comunicação é por email e por Facebook. Consideramos como membros do Conselho todos os apoiadores da causa que estejam na ativa ou não. Um grupo menor administra a página no FB e define novas ações - explica Vera.
É de mobilização e adesão espontânea que também depende o Massa Crítica em suas lutas pela implantação das ciclovias na cidade. Em março de 2011 o movimento fez seu primeiro passeio ciclístico para defender e dar visibilidade à causa. Depois disso, o encontro se repete toda última sexta-feira do mês. A convocação se dá por panfletos e, claro, também pela internet.
- As pessoas têm que entender esse recurso além do lado esportivo, entendendo a bicicleta também como meio de transporte. Para divulgarmos isso, temos também que romper com os meios tradicionais de comunicação - diz Luciano Pacheco.
A comunicação de forma colaborativa, com todos os recursos possíveis, é uma das estratégias que fortalece a atuação do Manifestasol na cena artística caxiense há seis anos. Focando na luta pela visibilidade e projeção das diferentes áreas de produção artística, o grupo tem em torno de 10 pessoas que centralizam as atividades. Mas não ficam nisso.
- Nunca trabalhamos isoladamente, sempre procuramos outros grupos. Só temos força quando nos conectamos a outros movimentos - diz Breno Dallas, revelando recursos de mobilização também pela Internet:
- As redes sociais são uma central de mobilização para nossos eventos, para nos interligar com outros grupos.
Foi através de interligação e visibilidade por uma página do Facebook que o Limpa Caxias se fortaleceu e ganhou adeptos. O espaço foi criado pelo designer Tiago Fiamenghi na metade de 2012. Consistia basicamente em mostrar imagens de prédios de Caxias antes e depois da possível aplicação da Lei Municipal de Despoluição Visual que começava a ser debatida e implementada na cidade.
Qualidade de vida e defesa do patrimônio histórico são eixos de atuação que geraram milhares de curtidas do Face.
- Quem curte, adere, senão procura outro espaço - diz Tiago Fiamenghi, enumerando momentos bacanas da militância virtual do Limpa Caxias:
- O antes e depois das Lojas Bulla, da Volpato e da Colombo, além das fotos da Casa Rosa da Tronca, antes de ser derrubada, que atingiu quase 12 mil visualizações.
Os números e as adesões evidenciam que há uma nova maneira de aderir a causas sociais, ambientais e artísticas. Basta renovar as estratégias de sedução dos simpatizantes e fazer com que as adesões virtuais se transforme em força efetiva.
- No consumo de informação da Internet, o engajamento virtual é muito superficial, precisamos de engajamento efetivo - diz Fiamenghi.
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