Marcelo Mugnol
O asfalto tem fissuras. Expostas mesmo antes desse tempo de pandemia. Não se trata aqui do realismo obtuso, ou da reclamatória das condições da pavimentação da cidade. Para além do pragmatismo que a vida insta, urgente, a poesia existe para nos conduzir daqui para a eternidade. Impérios, ideologias, correntes filosóficas, potências econômicas e exércitos sucumbiram digladiando-se entre si, em meio às guerras e pragas de todas as sortes. Pode uma nação ser dizimada, mas restará a sua herança cultural. E, no centro dessa cena, a poesia, impávida, resistente, apesar de hoje relegada às prateleiras escondidas das livrarias e das bibliotecas.
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