Adriana Antunes
Um silêncio invade o espaço. O canto dos pássaros se mistura ao barro. Aos poucos as mãos vão dando forma à argila. É preciso tempo, paciência e aceitação. O barro precisa ser amaciado, esvaziado, cansado para que se entregue ao imaginário. Há na terra uma leveza que só se descobre quando se faz cerâmica. Em cada peça há um tanto de nossa própria história, pensamentos, emoções. A cerâmica é também o resultado do que nos atravessou durante seu feitio. A arte da cerâmica é uma espécie de um fazer-sem-pensar, pois enquanto a obra se faz em nossas mãos, ela mesma inventa um modo de se fazer. Toda peça de terra queimada, forjada pelo fogo, apresenta uma narrativa, por isso ajuda a encontrar nossa própria origem. O barro é depositário de sonhos e angústias.
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