Em vez de cumprimentos e abraços da família no dia em que completou 18 anos, João Carlos Silveira de Ávila recebeu o desafio de encontrar um lugar para viver. Mais do que a maioridade, a chegada da data representou o começo de uma vida sem guardiões, monitores, assistentes sociais, Ministério Público e Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça. Morador de Porto Alegre, ele fazia parte do grupo de 304 adolescentes acolhidos no Estado que, até 2020, completarão 18 anos e, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, deverão deixar os espaços de proteção. Depois de seis anos vivendo em abrigos e casas-lares ao lado dos três irmãos menores, o órfão de mãe — e que jamais conheceu o pai — estava definitivamente sozinho no mundo.