Cláudia Laitano
Todos os dias, a caminho do trabalho, cruzo por um dos muitos relógios parados de Porto Alegre. Todos os dias, diante dos escombros melancólicos de um ginásio semidestruído, volto o olhar para o esqueleto desse relógio na expectativa de um milagre: que uma entidade mágica (ou burocrática, ambas igualmente invisíveis e de humores imponderáveis) tenha ordenado durante a madrugada que todos os relógios de Porto Alegre deveriam voltar a marchar, lenta e diligentemente, rumo aos minutos seguintes – agora e para sempre.
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